Se copiar textos, atribua os créditos. Os direitos autorais são protegidos pela lei n°9610/98, violá-los é crime.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Da sessão: cartas.

Oi.


Sabe, eu poderia seguir escrevendo linhas infindáveis aqui sobre todas as verdades que eu desejei te dizer, aquelas quais muitas vezes eu ensaiei na minha cabeça, palavra por palavra, o jeito mais certo, a flecha mais certeira, pra te machucar. Pra te acertar. Mas não. Bandeira branca, eu quero é paz. É certo que tu não sabes o quanto me machucou projetando em mim algo além da imaginação, além do real. Enquanto eu era a gordinha inteligente, estava ruim. Sabia que fisionomia nunca foi caráter? E esse mundo estereotipado não é molde perfeito para ninguém. Pois eles sempre exigem mais do que realmente qualquer um pode dar. Tu exigiu. Dizem que as coisas ruins a gente esquece, mas isso é deveras mentira, pois eu me lembro muito bem. De tudo. Apesar de todos os pesares, não quero ser amarga, entende? Não foi pra isso que nasci e não foi com esse desejo que cresci, fico muito feliz, e feliz talvez não seja a palavra mais certa a usar, mas sim satisfeita, me sinto satisfeita de não ter seguido os passos que querias que eu seguisse, por sempre ter minha opinião formada, por almejar coisas boas e correr atrás delas, por não ser carrancuda com as pessoas. E... Fico triste, muito triste por não poder partilhar isso contigo, aprendi que coisas boas devem ser partilhadas, e assim elas se multiplicarão. Por isso não vou escrever de todas as coisas horríveis que te desejei um dia ou certos dias, isso não me acresce em nada, muito menos a ti. Só te escrevo pra te desejar que alguma coisa bem boa te aconteça, dessas coisas que tocam a alma. Que bate no coração e faz o ritmo mudar. Entende o que eu quero dizer? Talvez hoje não, mas um dia quem sabe. Por isso te escrevo, porque apesar de tudo és parte de mim, uma parte machucada reconheço, e essas partes a gente não arranca, a gente não joga fora, a gente cuida, a gente trata, dá atenção e espera elas melhorarem. É só ter fé. Se melhorar me escreva, e se não melhorar me escreva mesmo assim. Vou esperar que algo bom brote aí dentro, porque a terra é boa, basta saber semear.


Fique bem, um abraço.