Fazendo uma coisa hoje que a muito muito tempo não fazia:
traduzindo sentimentos em
palavras. Devia estar acostumada já, sempre quando o mar de
dentro se mostra agitado, já aviso: ondas fortes navegantes, bandeira vermelha!
Antes de transbordar, é hora de escrever. Sempre tive isso, mania de tentar parecer
forte e não encomodada com certas situações, besteira menosprezar aquilo que eu
sinto, como se os outros fossem mais importantes e sentissem mais
verdadeiramente as coisas do que eu, besteira bobeira. Ou apenas, vergonha. Não
de demonstrar, mas de parecer b o b a. Falei. É que é dificil falar, mostrar,
demonstrar, desmascarar as coisas assim, sem saber a reação das outras pessoas.
Um eu te amo precipitado; Você é o melhor amigo do mundo; A melhor mãe do
mundo; O melhor pai do mundo; Um irmão como poucos; É difícil falar. Eu S I N T
O a tua falta. Eu S I N T O saudade. Dos beijos, do cheiro, dos abraços, da
voz, das risadas, das mãos, dos olhos, da boca, até das brigas. Saudade de
situações. S A U D A D E! Em letras maiusculas, negrito e sublinhado, com
exclamação no final – de intensidade –, e saudade é aquele sentimento que a
gente só confessa assim, escancaradamente, pra’quela poça de lagrimas que se
forma no travesseiro, antes de dormir. Mas saudade também, acima de tudo, é um
olhar pela janela e perceber que a vida segue, vida-louca-vida como diria
Cazuza. Sinal de que aquilo que foi vivido valeu a pena, e marcou. Saudade é
aquela vontade de querer de volta, de querer por perto, ontem, hoje, amanhã e
sempre. Normal é sentir falta daquilo que foi bom, anormal é não sentir nada.
Saudade.